quinta-feira, 24 de março de 2011

SONETO DA MADRUGADA



Hoje olhando minha alma carcomida

Pude ver todos os lances desta vida

Que muito sabe donde vem

Mas não sabe onde vai dar


Com o destino eu brinquei de ser pequeno

Fui criança pra brincar de pé no chão

Pique – esconde, Jogar bola e pião

Na alvorada dos meus dias de menino

Eu fui mais, muito mais que um sonhador


Fui aquele que pagou um alto preço

Por escolhas um tantinho quanto erradas

Mas que soube devotar todo apreço

Para ter só um minuto de risadas


Já sofri tudo que um coração podia

Para hoje tentar sofrer bem menos

Os meus erros já começam a ser pequenos

Bem menores que a vontade de chegar


Um viajante ser ter um destino certo

Caminhando sem saber pra onde voltar

Velejando nesta vida, mar aberto

Eu vou indo, onde o vento me levar


Na estrada tive tantos bons amigos

Tive casos e aos acasos me entreguei

Tive amores, incompletos, eu bem sei

E nesse jogo mais perdi do que ganhei


Hoje olhando pros atalhos do destino

Percebi que eu deixei de ser menino

Esperando um grande homem me tornar


Me sobrou só esta nesga de lembrança

Do passado tão feliz que me marcou

Um boêmio no balcão dando risada

Da piada que ninguém nunca contou


Um poeta

Um cantador destemido

Um soneto ecoando a madrugada

Uma canção nas retinas desabou


Eu semeio versos vitorianos

Por que sei que um amor Buarqueano

Um dia desses sem mais nem menos há de me achar

 


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