Hoje olhando minha alma carcomida
Pude ver todos os lances desta vida
Que muito sabe donde vem
Mas não sabe onde vai dar
Com o destino eu brinquei de ser pequeno
Fui criança pra brincar de pé no chão
Pique – esconde, Jogar bola e pião
Na alvorada dos meus dias de menino
Eu fui mais, muito mais que um sonhador
Fui aquele que pagou um alto preço
Por escolhas um tantinho quanto erradas
Mas que soube devotar todo apreço
Para ter só um minuto de risadas
Já sofri tudo que um coração podia
Para hoje tentar sofrer bem menos
Os meus erros já começam a ser pequenos
Bem menores que a vontade de chegar
Um viajante ser ter um destino certo
Caminhando sem saber pra onde voltar
Velejando nesta vida, mar aberto
Eu vou indo, onde o vento me levar
Na estrada tive tantos bons amigos
Tive casos e aos acasos me entreguei
Tive amores, incompletos, eu bem sei
E nesse jogo mais perdi do que ganhei
Hoje olhando pros atalhos do destino
Percebi que eu deixei de ser menino
Esperando um grande homem me tornar
Me sobrou só esta nesga de lembrança
Do passado tão feliz que me marcou
Um boêmio no balcão dando risada
Da piada que ninguém nunca contou
Um poeta
Um cantador destemido
Um soneto ecoando a madrugada
Uma canção nas retinas desabou
Eu semeio versos vitorianos
Por que sei que um amor Buarqueano
Um dia desses sem mais nem menos há de me achar