Quando uma amiga me recomendou
que assistisse o filme As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a
Wallflower –EUA, 2012 - 103 min. Drama) e me disse tratar-se de uma história
sobre um grupo de adolescentes e suas descobertas no momento em que frequentam
o colégial, pensei, “lá me vem mais um
daqueles filmes melosos, com roteiro superficial e que nos dá enjoo nos cinco
primeiros minutos de projeção”!!!
Todavia, para minha boa surpresa a espectativa negativa não passou de um ledo engano. Se fosse necessário
sintetizar sua essência, diria que o filme tenta dar a ideia de quão
importante são os pequenos momentos que vivemos, sejam eles bons ou ruins.
O drama, adaptado de romance
homônimo de autoria e direção de Stephen Chbosky, conta a história de Charlie
(Logan Lerman – Percy Jackson), adolescente de 15 anos que acaba de ingressar
no ensino médio.
Totalmente deslocado, Charlie
tenta sem muito sucesso fazer parte daquele “universo”, no qual sofre rejeição
e preconceito generalizado.
Tudo começa mudar quando,
involuntariamente, passa a se relacionar com Patrick (Ezra Miller - Precisamos
falar sobre Kevin) e Sam (Emma Watson - Harry Potter), dois veteranos que o
recebem em seu inusitado circulo de amigos.
Até aqui nada que não seja apto
a corresponder qualquer espectativa negativa que se crie sobre o filme, poderia-se
estar diante de mais do mesmo, mas então a reviravolta.
Acompanhado aos primeiros atos,
surge uma das grandes e corretas apostas do filme: uma trilha sonora impecável,
composta de musicas dos anos 80/90, que acompanham as descobertas da própria história,
inspiram o visual do filme e creditam veracidade à proposta do diretor, de
transmitir a idéia de uma época onde as pessoas paravam para ouvir uns aos outros e sentavam-se em frente a seus gravadores e faziam cópias de
fitas para presentearem aos amigos, criando vinculos que hoje podem parecer
desimportantes, mas que à época transmitiam sentimentos como carinho e
confiança.
O segundo grande ponto positivo
do filme é a escolha da narrativa por
cartas escritas pelo protagonista à um amigo, qual não é dificil supor
tratar-se do próprio público, assim, ao vermos Charlie conversando com este
“amigo” já nos damos conta tratar-se de um garoto solitário, introspecto, mas
que possui uma ânsia de se relacionar, o que faz com que o personagem atraia,
com certa facilidade, um extrema afeiçao do espectador.
Alías, apesar de desconhecer
outros trabalhos de Chbosky, ao adaptar sua própria obra, observa-se extrema
preocupação com sua criação, qual não exige grandes habilidades, sendo
funcionalmente contada em planos básicos, longos e esteticamente bonitos.
Mesmo porque, os diálogos
displicentes, pontualmente inseridos, maqueiam a necessidade de uma eventual melhor
desenvoltura filmográfica, que aparentemente falta ao diretor, nos fazendo
refletir quase que em todos os minutos de projeção, afinal como ficar
impassível diante da assertiva dada pelo professor de Charles: “Nós aceitamos o
amor que achamos que merecem".
Sem tirar o foco que o Diretor demonstra
certa maturidade ao costurar a história com temas complicados como rejeição,
drogas, homossexualidade e depressão, dando certa amplitude ao enredo sem cair
em demasiados clichês.
Com o começo da amizade,
passamos a descobrir que Charlie não é simplesmente alguém desajustado em seu
meio, mas uma pessoa que, apesar de jovem, sofreu e carrega profundos traumas
que marcaram sua vida, tais como a perda de seu melhor amigo e a culpa pela
morte de sua tia.
Assim, espontaneamente surge
uma cumplicidade entre estes três amigos, e nem mesmo um desentendimento
ocasionado por Charles, que em uma inocente brincadeira de verdade ou desavio,
beija Sam na frente de sua namorada é capaz de abalar o vínculo criado entre
eles.
Sam, que é belamente vivida por Emma Watson faz qualquer espectador,
por mais apaixonado que fosse, esquecer em um piscar de olhos a bruxa Hermione
interpretada por 10 anos consecutivos na série Harry Potter, e não é a toa que
quase espontaneamente faz com que Charlie por ela se apaixone.
Mas, de tudo isso, o que
importa como dito anteriormente são os pequenos instantes vividos
principalmente por estes três personagens, tal qual o momento excessivamente
simples em que Charlie, Sam e Patrick estão no carro pela primeira vez e começa
tocar a mísica Heroes – David Bowie,
situaçoes estas que, indepententemente de qualquer coisa nos fazem valorizar os
nossos próprios momentos e nos dão a ideia de que apesar de mortais, somos
infinitos!
Enfim, as vantagens de ser
invisível é um filme bom que vale a pena ser visto...
Para dar uma de pretenso
crítico, coisa que não sou, daria 3,5 estrelas em 5. E antes que me
perguntem, não esta não é uma nota baixa, tendo em consideração que para
receber um 5 o filme teria de ser irretocável!!!