quarta-feira, 18 de julho de 2012

Questão de opinião

A expressão da opinião é um dos assuntos que volta e meia rondam meus pensamentos e meus bate-papos com amigos.

Talvez essa minha atração e certa indignação pelo tema se deem porque, como alguns dizem, vivemos na era da informação, o que quer que isso signifique, e com ela pipocam pensamentos e expressões em tudo quanto é meio midiático (sites, facebook, twitter, blogs e etc.).

Que fique claro, eu não tenho nada contra a veiculação de informação, muito pelo contrário, assim como Voltaire sou plenamente contrário a qualquer forma de intolerância expressiva, e parafraseando o filósofo Francês “posso não concordar com uma só palavra que me dizeis, mais defenderei até a morte seu direito de dizê-la”.

A meu ver, o que vá lá não tem muita relevância, o problema não reside na forma e sim no conteúdo das informações que se querem expressar, vez que a celeridade dos tempos modernos pede que todos estejam sempre antenados a todos os assuntos, mas que em afinco sejam desconhecidos por todos.

Assim, a mecânica informativa atual gera um ciclo vicioso de completa preguiça intelectual. 

Por exemplo: determinada pessoa quer saber sobre mitologia egípcia. Ela acessa a Wikipédia, procura o verbete, lê a síntese inicial do assunto, acredita já ser um expert no assunto e sai por aí vomitando informações totalmente distorcidas.

O que quero dizer, defendo e acho que seria totalmente válido, é que esta mesma pessoa, após ler o artigo do Wikipédia, buscar a validade e maior profundidade nas informações que aspira, de preferência, além de outros sites, blogs e etc., vá aos livros.

Em suma, antes de exprimir qualquer opinião leia, estude, leia, pesquise, leia, se informe, leia, pergunte, torne a ler e se ao fim achar necessário, leia mais um pouco, porque só aí, a não ser que você seja um super gênio, terá arranhado a superfície de qualquer assunto, e então, com a consciência tranquila passe adiante o conhecimento absorvido e estimule que outros passem pelo mesmo processo que você e melhore aquilo que você fez.

Quem sabe deste modo, a instalada preguiça intelectual possa ser substituída pela proliferação de ideias sedimentadas e estimulantes que provoquem um caminho inverso ao que vivemos.

Talvez aqui, alguém vire e exponha pra si:

- Ah, mas esse cara nem sabe o que tá falando, opinião é igual **, cada um tem o seu

E eu lhe respondo, mesmo sem você perguntar:

- Vá à mer** seu preguiçoso dos infernos.

Perdoem-me a hipérbole, mas é justamente este tipo de pensamento que nada enriquece que fustigo neste post, pois realmente, opinião cada um tem a sua, mas geralmente a subjetividade empregada é inversamente proporcional à validade da informação que desta opinião se extrairá, e no fim, tudo deságua na tal preguiça de pensar.

Assim, não me venham dizer que opinião é tudo igual!

Exemplificando com um tema que gosto muito, se uma pessoa vira e diz:

- Os livros, As crônicas de gelo e fogo são ruins.

E outra diz em contraponto:

- Os livros, As crônicas de gelo e fogo são bons.

Neste caso, teríamos duas opiniões totalmente subjetivas, opostas e igualmente válidas, uma anulando a outra. Mas não se pode concordar que duas opiniões sejam iguais no seguinte exemplo:

- Os livros, As crônicas de gelo e fogo são ruins.

- Os livros, As crônicas de gelo e fogo são bons, porque apesar de serem livros de fantasia, o escritor se utiliza de uma trama política para conceber a identificação do leitor com os personagens, o que faz com que a fantasia, na narrativa, fique em segundo plano, sendo conquistada arduamente, e dá verossimilhança aos argumentos utilizados.

Para tal exemplo, como no anterior teríamos duas opiniões opostas, mas, todavia não são igualmente válidas, isto porque, ainda que o livro seja uma bos**, o que fique claro eu não acho, a segunda assertiva trouxe elementos substanciais, não se limitado a dar uma visão emotiva e vaga do todo, então, eu como leitor, ainda que discorde, teria de dar maior valor à segunda opinião, pois trouxe elementos que justifiquem a subjetividade inicial empregada.

O que quero dizer é que se você quer falar sobre algo, ÓTIMO, uma pessoa a mais para estimular o diálogo, mas cuidado o faça de modo consciente, sabendo que muitas vezes seu interlocutor levará o que você disser como verdade.

Doutro lado, se você for o receptor da mensagem, não acredite piamente em tudo o que lê, vá ao vizinho, cheque, pegue mais informações, porque ao fim, sempre ou quase sempre, quem está te transmitindo uma ideia está redondamente enganado. 

Ei! O que você ainda tá fazendo aqui? Vá já procurar saber mais sobre esse monte de baboseira que acabou de ler!!!!

2 comentários:

Vanessa F disse...

ótimo post! Eu acho que o problema do excesso de informação que dispomos hj é que leva a pessoa ao desespero de querer saber um pouco de tudo e não ter "tempo" de se aprofundar em nada... antigamente as pessoas se especializavam.. não acho que hj seja pior que ontem, mas concordo que as pessoas precisam LER mais sobre os assuntos, ao invés de querer "dominar" o assunto com frases de google da vida...

Ana Gabriela Marin disse...

Na verdade todos querem ser ouvidos, mas nem todos querem ouvir. Conhecimento de causa se ganha depois de um tempo, depois de alguns vários e bons livros, artigos, etc, etc etc... Me diz, quem está disposto a ouvir tantos autores para então ter base de formar uma opinião, no mínimo, sem erros gramaticais na leitura? Difícil... A era da informação, da mobilidade, futilizou frases de filósofos que se misturam com trechos de músicas "vai novinha"...
A verdade é que da mesma maneira que sempre existiu a burguesia, existe hoje um grupo (pequeno) seleto da informação, onde pessoas ainda prezam por uma boa leitura, como essa!

 


Blá blá Blá © 2008. Design by: Pocket